segunda-feira, 1 de junho de 2015

Penedo do Lexim - Disjunção colunar




Penedo do Lexim


Introdução: A ocorrência de disjunção colunar como estrutura natural tem suscitado a curiosidade dos investigadores desde finais do século passado. Alguns exemplos tornaram-se importantes pólos de atração turística como é o caso do Penedo do Lexim, o qual foi um dos pontos principais visitados na saída de campo. Neste post introduzo-vos ao tema: morfologia dos prismas e sua relação com as condições físicas prevalecentes durante a génese da fracturação


O Penedo de Lexim, localizado a cerca de 30 km a Norte de Lisboa, pertence ao Complexo Vulcânico de Lisboa. Este Complexo representa um conjunto magmático do Cretáceo Superior que compreende basaltos alcalinos juntamente com traquibasaltos, traquitos e riolitos. O afloramento é uma chaminé vulcânica constituída por um tefrito maciço apresentando disjunção colunar regular. A rocha possui uma textura porfirítica (presença de cristais de grandes dimensões) com fenocristais de olivina, piroxena e ulvospinela. 

 Exemplo de uma disjunção colunar (ou prismática) - processo geológico que ocorre quando, ao arrefecer,  o basalto sofre tensão por contração e fragmenta-se em colunas com forma de prisma 



A observação da textura do penedo permite verificar a existência de zonas com prismação bem regular e de outras zonas praticamente maciças. O contacto entre estas duas zonas é brusco. Em termos gerais, as colunas encontram-se inclinadas para Norte com ângulos da ordem de 60-70º 

Parece ser consensual que a causa da disjunção colunar se relaciona com a contração térmica da lava provocada pelo seu arrefecimento (arrefecimento esse que ocorreu a cerca de 2000 m de profundidade). O hexágono é a forma geométrica mais estável em condições de ruptura de uma dada superfície, pelo que é a preferencial.

 Colunas prismáticas (detalhe da forma hexagonal)


Com efeito, a presença de microcristais de olivina com hábitos cristalinos típicos de arrefecimentos muito rápidos sugere que parte da cristalização ocorreu durante um curto período de tempo contemporâneo com a ascensão da lava desde a câmara magmática até um determinado nível da conduta vertical, o nível actual de exposição. Posteriormente, a lava completou o seu processo de solidificação a baixas velocidades de arrefecimento, tendo cristalizado sem formação de vidro vulcânico. 

O penedo do lexim é  conhecido como sendo um dos pontos-chave para a compreensão do Neolítico e da Idade do Cobre na Península Ibérica pois foi utilizado durante o Neolítico final, Calcolítico e Idade do Bronze, épocas das quais restam artefatos diversificados. Este local, com origem no complexo vulcânico da região de Lisboa, foi, em tempos, uma pedreira onde se realizava extração de basalto. Hoje em dia, é considerado património geológico. O solo é rico para a agricultura pois contém minerais ferromagnesianos.

Idade do Cobre e utensílios respectivos


Conclusão: Existem vários locais onde existe este fenómeno (a disjunção colunar ou prismática). Alguns exemplos desses lugares são 
  • Porto santo
  • «A calçada dos gigantes» na Irlanda 
  • Yellowstone nos USA
Pessoalmente, o que achei mais interessante sobre a morfologia do penedo é o arranjo dos prismas sobre formas hexagonais pois esta forma é a melhor em termos de ocupação do espaço. Devido a isso, não consegui deixar de fazer comparação com os favos hexagonais de uma colmeia. Ao realizar este post também consolidei os meus conhecimentos sobre magmatismo. 

 Estrutura hexagonal da disjunção colunar em comparação com a estrutura dos favos de mel numa colmeia




Referências bibliográficas:
http://www.geocaching.com/geocache/GC2ZMDT_faial-prismatico


1 comentário:

  1. Parabéns pelo post. Está muito bem feito:bem escrito, apelativo e cientificamente correto.

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